terça-feira, 21 de setembro de 2010

VINTE E POUCAS COISAS de Arimatéia Moura Filho


Esse blog não vai ser atualizado! Inicialmente, a minha idéia era deixar postadas 'vinte e poucas coisas' escolhidas entre as que eu tenho escritas (umas já publicadas em algum blog e outras inéditas), mas pensando bem, eu vou ter esse espaço como prévia de uma publicação (livro mesmo) homonima contendo na íntegra o tal Projeto. Na versão impressa, que sairá ainda não sei quando, eu vou trazer o restante das vinte e poucas coisas prometidas aqui - no momento elas ficam em segredo.
Mas mas antes de mais nada, quero dizer que fico super honrado com a sua visita, e mais ainda com os comentários que você fará, aqui mesmo, por e-mail ou pessoalmente. Quero dizer ainda que estou procurando uma editora, se você é dono de uma e quiser investir eu ficarei sorrindo à toa!

Espero que goste daqui, que volte sempre e que divulgue, que converse comigo sobre os textos, mesmo que não poste comentários. Leia tudo até o fim, e depois releia e viaje sempre!

Especialmente, eu agradeço ao meu amigo Yuri Yamamoto, que me mandou umas ilustrações lindas de mais pra alguns dos textos - quando a publicação sair quero muito que as ilustrações sejam dele. Yuri, valeuzão pelo incentivo. Eduarda Talicy, você é uma super incentivadora também!

Em fim, é isso.
Boa leitura.

Ari Fils

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O MENINO

O Menino é um infantil adulto, tem uma coisa de filosófico, tanscedental, foi escrito por causa de uma situação bem específica, mas ficou bem geral olhando agora. Meu amigo, Yuri Yamamoto, sugeriu que eu fizesse mais coisas como esse Menino e publicasse um infantil, acho que dá certo. De 13 de outubro de 2008.

O meu cabelo azul é na verdade laranja, não vê?! É sim!

Eu gosto de jogar bola, bila, bula... Eu gosto de ler! Eu de saco cheio da TV.
E pra que esse cabelinho colorido, perguntam. Ora "pra que?" Parece que nam...!
Pra te chamar a atenção, bobo! E isso não significa que é pra aparecer.
Escute agora a história que eu vou contar: Era uma vez um menino brasileño que nasceu no Siará. Ele tinha um elefante verde-claro que usava uma coleira lilás, que latia feito gato e miava feito cão, e subia na parede feito gente que não tem o que fazer, o elefante não o menino. E de repente virava um leão, o menino não o elefante, e passava a ser o rei do jardim, porque a floresta era longe e, também, pra que ele não se acostumasse com uma floresta que em 20 anos ia desaparecer. O menino tinha o cabelo colorido, e um dia disseram pra ele que "era legal, mas que só não dava pra entender o porquê daquele cabelinho". Ai ele resolveu chorar por causa disso e quando percebeu, estava careca, o menino!
Eu vou é viajar! Pra aquele lugar de nome legal onde eu sou amigo do rei. Eu vou de avião e sou eu mesmo quem vai pilotar! E se eu fosse de submarino? Ou de balão?! Êba, viajar de balão! Balão também é colorido! Será que vai ser azul o meu balão... ou vai ser laranja? Já sei, vai ser transparente, pra que ninguém mais diga que "é legal, mas que só não dá pra entender por que o balãozinho colorido."

SILENCE

Esse poema é de 10 de outubro. Eu era adolescente de mais quando escrevi, hoje ele me parece um pouco meloso... mas mesmo assim eu acho bonito. É diferente, na minha opinião.

Que há nesse teu olhar?
Por mais que eu te evite
Há vontade de encarar.
É um olhar, ou um convite?

Que foi que viste em mim?
Ou quem foi que viste?
Se me respondes olha
ndo assim
Fala comigo, insiste!


Porque não falo eu?
Ora... sei lá, deveria falar!
Sussurrar que posso ser teu...
Que resposta ias me dar?


Não! É assim mesmo que vamos ficar,
Gritando o quanto nos queremos,
No silêncio do nosso olhar.

FLOR DA PELE

Esse texto é de 15 de outubro de 2008. Um pouco antigo, né? Tem umas sensações interessantes, uns sabores interessantes, gosto dele, embora seja dificil de entender, faça suas inerpretações fique à vontade. Ele foi publicado inicialmente em ariareia.blogspot.com

São sete e vinte. Resolvi escrever sobre coisas mais entendíveis a todos, sobre coisas como flores, por exemplo. Flores são um assunto que a maioria aprecia, se não me engano. Particularmente, nunca gostei muito de escrever sobre flores, mas se for o caso escrevo. Acho que há mais graça em ler algo que eu não consiga entender realmente o porquê daquilo, do que em ler coisas que me limitem, que digam de cara sobre o que estão falando. Na verdade eu tinha mesmo era resolvido parar de escrever, mas não consegui. Na verdade mesmo, tive vontade foi de escrever, sob esta folha de papel, com tinta branca para que ninguém mais lesse. "Ando tão à flor da pele que o meu desejo se confunde com a vontade de nem ser." Foi aquele beijo de novela, ou aquele brigadeiro, o que me deixou assim!
Teus cabelos longos eram mais escuros, Clara. Mas teus cabelos claros ainda são longos, tu não os corta. E a música parou por quê? Bati com o pé no som do carro, sem querer? "Meu amor, cadê você? Eu acordei, não tem ninguém ao lado". Um Copo-de-leite, sem açúcar, por favor, Magnólia - era esse o nome da professora do primário -, e Rosa, lembrei, era aquela mulher gorda que trabalhou lá em casa quando eu tinha oito anos. Cabreúva nunca trabalhou lá em casa, nem Biscoito, a mulher do Tavares. E tu, que me queimas com teus beijos vermelhos, és flor também? Não diria que és flor, diria que és mais, "Tu és bonita e graciosa, estátua majestosa!" E diria mais ainda se não fosse tão tarde e eu tivesse que sair agora. Já são sete e dez.

domingo, 12 de setembro de 2010

LE GRAND CAFÉ

Textozinho pequeno, mas bem simpático. Escrito pelo peruano Gentil D´lavôr, em Paris.
Gentil D´lavôr, um heterônimo meu com mais textos publicados no meu cortejosutil.blogspot.com


Estou no Le Grand Café tomando um expresso, sentado àquela mesa onde me viste outro dia sentado tomando um expresso quando passaste na calçada do lado oposto da Avenue e me sorriste. Sorriste, mas não paraste e carregaste um quê de mim naquele sorriso tímido. Foi o sorriso mais silenciosamente melodioso que já recebi, e o foi a tal ponto que chegou a emudecer o realejo que cantava romanticamente para o casal sentado na mesa ao lado da minha. A música do realejo foi se misturando com a melodia do teu sorriso até que o teu sorriso sobressaiu a musica do realejo. E eu te acompanhei caminhar com meu olhar lânguido até que dobraste a esquina saindo do meu campo visual, saindo do Boulevard des Capucines, deixando-me aqui com o meu expresso e sem um quê de mim... Foi por isso que voltei agora, à mesma hora, esperando que passes e me sorrias de novo, emudecendo o velho realejo, já cansado de tocar ao vento, à espera de que se forme algum casal...

Gentil,

ATELIER

Um soneto, mudei uma coisinha pouca da primeira versão dele. Ela, a primeira versão, está publicada no meu cortejosutil.blogspot.com

Faça planos para mim

Se isso te faz mesmo bem.
E para não fantasiar,
Use apenas preto e branco.

Mas, querendo, fantasie!
Dê mais vida a esses traços,
Jogue tinta colorida:

Pinte... mãos entrelaçadas,

Deite o céu inteiro a baixo,
Deixe o chão todinho azul,
- Reinvente a paisagem -

Risque retas entre as nuvens
Para lá pôr versos teus,
Os que ainda eu não te disse.

CRÔNICO

Esse texto, é interessante, faz parte de um bocado de coisas que tenho assinadas pelo Gentil D´lavôr, um cosmopolita que nasceu no Peru, que volta ou outra está em Paris - e que, por sinal, ama Paris. Eu tenho achado o Gentil cada vez mais interessante, agora mesmo porque lendo umas coisas do Marcio Vargas Llosa, entre elas "As travessuras da menina má" (recomendo inclusive), percebi como o Gentil parece uma criação do Márcio ou até cópia do seu 'Ricardito'. Mas não é, é uma coisa que surgiu na minha cabeça durante umas voltas pelos corredores que ligavam o bloco I e o H do campus do Itaperi, mais ou menos em dezembro de 2009. Por que peruano? Eu fazia a cadeira de América I, na época. Há mais do Gentil em www.cortejosutil.blogspot.com

Expressei-me tão mal durante aquela nossa última conversa que estou sem saber como tecer o reajuste textual para o engodo que criei. Pode até ser que eu me complique mais com isto que vou dizer, mas vou falar que é para você ter uma noção sobre como eu estou: Sinto-me tal qual uma aranha-fêmea que, depois do enlace amoroso, mata seu parceiro – e eu nunca tinha matado ninguém, até então; não minto quanto a isso. No entanto, diferente da aranha, eu sinto um remorso, sabe. Não pelo que fiz, mas pela forma como narrei o feito.
Até porque a Falecida mereceu o fim que lhe foi dado, não por mim, pela força dos instintos aracnídeo-femininos que se insurgiram nesta minha natureza humano-masculina. Embora eu não a tenha destrinchado para dar de comer à ninhada, que nem ninhada existiu no nosso caso, eu destrocei a carne dela, osso por osso, músculos e ligamentos, arranquei-lhe os cabelos, os beiços, os dentes, os olhos - em uma linguagem menos escatológica - eu desconstruí o mito que, a punho próprio, criei sobre a Dita Cuja, a Pessoa, Aquela Lá, a Falecida...
"Não se refira assim quanto a mais ninguém, está me ouvindo?" Tudo bem, mãe, foi só um acesso de irA, mas já passou. E foi importante para mim vomitar isso tudo, estou um tanto menos aranha, mais garoto. Ufa, estou de volta! Inclusive, até encontrei a Moça, num coletivo, semana passada, viva.... Para você vê como as coisas são.
E decidi: não pretendo matar mais ninguém, juro! Isso só aconteceu dessa vez porque ela quis sufocar a minha garganta, quis jogar-me dentro de um mundo fantasioso, redomado – como um pote de Nescafé – e fechar a tampa deixando que eu asfixiasse até o fim. Talvez seja mais doce morrer no mar que fechado dentro de um pote de Nescafé. Ah, e como eu ando confuso em relação a algumas coisas ultimamente, não sei se você entenderia, ou se se importaria, então nem vou tentar explicar. Mas não tenho feito muitos planos atualmente, nem sequer tenho refeito os planos velhos, mofados já do tempo, os que ficam em gavetas de algum criado-mudo.

Seria bom que os criados-mudos falassem de vez em quando! Mas seria revolucionário de mais ou, ao menos, paradoxal de mais: criados-mudos falantes. Acho melhor parar um pouco, estou ficando com dor de cabeça. Essa coisa de ‘criados-mudos que falam’ e ‘canibalismo entre as aranhas’ foi de mais para mim.
Aceita um café?

Gentil D´lavôr
Cusco, Peru
34 de janeiro de 3050